segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Vogal temática, vogal de ligação e vogal temática verbal

Neste 4º AVM falaremos sobre as vogais temáticas e a vogal de ligação.

A vogal temática é o elemento que permite a ligação entre o radical e as desinências. É a vogal que se acrescenta ao radical para formar o tema.

Exemplo:
Rosa
Carro

Existem três vogais temáticas, nos verbos elas indicam a conjugação, são chamadas vogais temáticas verbais.

Exemplo:
  -a-, que caracteriza os verbos da primeira conjugação, a exemplo de participar, determinar, ofertar;

  -e-, que caracteriza os verbos da segunda conjugação, a exemplo de entender, surpreender, aquecer. Nesta conjugação incluem-se ainda os verbos que derivam de pôr (supor, compor), visto que sua vogal temática é -e-, cuja origem está na forma arcaica da língua portuguesa poer, do latim ponere;

  -i-, que caracteriza os verbos da terceira conjugação, a exemplo de reagir, partir, sorrir.

Com isso retomamos a introdução e concluímos que a junção do radical com a vogal temática de um verbo, forma o tema.

Nos nomes, a vogal temática aparece nos derivados de verbos e em substantivos e adjetivos terminados em –a, -e, -o átonos.

Exemplo:
Casa
Dente
Livro

Em nomes como: Fé, sofá, urubu, por exemplo, não há vogal temática porque terminam em vogal tônica.

Em nomes que terminam em consoantes como: Mar, mal, paz, a vogal temática só aparecerá no plural.

Exemplo:
Mares
Male
Pazes.

Devido a isso são chamados de atemáticos.

Por último temos a vogal de ligação, cuja presença se deve somente a fatores eufônicos, facilitando a pronúncia de uma determinada palavra.

Exemplo:
Tecnocracia
Gasômetro
Parisiense

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Desinências e Sufixos


Neste 3º AVM falaremos sobre as desinências e os sufixos e suas particularidades.

Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos amáveis, amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa (primeira segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).

Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de desinências.

Para ilustrar melhor vamos aos conceitos e exemplos:


Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos:


(1º) Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.


Exemplos:

Alun-o  
Aluno-s
Alun-
Aluna-s
Obs.: só podemos falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de número.


(2º) Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos.


Exemplos:

  Compr-o
  Compra-s
Compra-mos
  Compra-is
 Compra-m
Compra-va
 Compra-va-s

A desinência "-o", presente em "am-o", é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; "-va", de "ama-va", é desinência modo-temporal que caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.


De maneira mais detalhada...


Modo-temporais = indicam o tempo e o modo. São quatro as desinências modo-temporais:

-va- e -ia- para o Pretérito Imperfeito do Indicativo = estudava, vendia, partia.

-ra- para o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo = estudara, vendera, partira.

-ria- para o Futuro do Pretérito do Indicativo = estudaria, venderia, partiria.

-sse- para o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = estudasse, vendesse, partisse.

Número-pessoais: indicam a pessoa e o número. São três os grupos das desinências número-pessoais.
Grupo I: i, ste, u, mos, stes, ram, para o Pretérito Perfeito do Indicativo = eu cantei, tu cantaste, ele cantou, nós cantamos, vós cantastes, eles cantaram.

Grupo II: -, es, -, mos, des, em, para o Infinitivo Pessoal e para o Futuro do Subjuntivo = Era para eu cantar, tu cantares, ele cantar, nós cantarmos, vós cantardes, eles cantarem. Quando eu puser, tu puseres, ele puser, nós pusermos, vós puserdes, eles puserem.


Grupo III: -, s, -, mos, is, m, para todos os outros tempos = eu canto, tu cantas, ele canta, nós cantamos, vós cantais, eles cantam.


Como parte da minha bibliografia, abaixo segue um “link” com um quadro de desinências para facilitar o entendimento e permitir assimilações:



Sufixos

Os sufixos integram uma das modalidades que participam do processo pelo qual as palavras são formadas – a derivação. Assim, ao analisarmos a palavra “livraria”,temos:


livr– constituindo o radical.
-aria – representando o sufixo, ou seja, a parte que lhe foi acrescentada, dando origem a um novo vocábulo.

Como resultado de tal acréscimo, podemos ter uma mudança na sua classe gramatical ou até mesmo uma alteração de sentido representado por esta. Desta forma, subsidiando-nos no exemplo da palavra “unhada” (no qual o sufixo é representado por “-ada”) podemos constatar que se trata de um ataque, golpe feito por meio da unha, como pode ser um ferimento provocado pela unha.

Outro exemplo pode ser representando pela palavra escolarização, uma vez que o sufixo “-ação” transforma em substantivo o verbo escolarizar. Temos, portanto, uma mudança no que se refere à classe gramatical. 


No link abaixo, também parte da bibliografia desta pesquisa, existem quadros que mostram o direcionamento dos sufixos. Vou colocá-los a seguir, juntamente com a fonte de onde foram tirados, para quem se interessar.


Sufixos que formam nomes de ação


-ada - caminhada
-ez(a) - sensatez, beleza
-ança - mudança
-ismo - civismo
-ância - abundância
-mento - casamento
-ção - emoção
-são - compreensão
-dão - solidão
-tude - amplitude
-ença - presença
-ura - formatura

Sufixos que formam nomes de agente


-ário(a) -secretário
-or - lutador
-eiro(a) - ferreiro
-nte feirante
-ista - manobrista

Além dos sufixos acima, tem-se

Sufixos que formam nomes de lugar, depositório



-aria - churrascaria
-or - corredor
-ário - herbanário
-tério - cemitério
-eiro - açucareiro
-tório - dormitório
-il - covil

Sufixos que formam nomes indicadores de abundância, aglomeração, coleção


>-aço - ricaço
-ario(a) - casario, infantaria
-ada - papelada
-edo - arvoredo
-agem - folhagem
-eria - correria
-al - capinzal
-io - mulherio
-ame - gentame
-ume - negrume

Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciência


-ite
bronquite, hepatite (inflamação)
-oma
mioma, epitelioma, carcinoma (tumores)
-ato, eto, ito
sulfato, cloreto, sulfito (sais)
-ina
cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais)
-ol
fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto)
-ite
amotite (fósseis)
-ito
granito (pedra)
-ema
morfema, fonema, semema, semantema (ciência linguística)
-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)

Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas, sistemas políticos


-ismo
budismo
kantismo
comunismo



Para concluir, coloco o trecho de uma música do Jorge Vecilo, chamada “Ela une todas as coisas” para exemplificar o uso de sufixos, no caso, afixos pospostos ao radical. Veremos o uso do –ar e do –ir, como formadores de verbo:


“Ela une todas as coisas
Como eu poderia explicar
Um doce mistério de rio
Com a transparência de um mar?

Ela une todas as coisas
Quantos elementos vão lá?
Sentimento fundo de água
Com toda leveza do ar

Ela está em todas as coisas
Até no vazio que me dá
Quando vejo a tarde cair
E ela não está

Talvez ela saiba de cór
Tudo que eu preciso sentir
Pedra preciosa de olhar!
Ela só precisa existir
Para me completar

Ela une o mar
Com o meu olhar
Ela só precisa existir
Para me completar.”